Associação Desportiva e Cultural do Pereiro

Fundada em 21 de Junho de 1971, um dos principais obreiros foi Armindo Duarte, que, além, do entusiasmo, cedeu o espaço de uma moagem para primeira e provisória sede. “Vai ou Racha” era o nome da equipa de futebol que representava o lugar do Pereiro e que, anos mais tarde, esteve na origem da ADCP. Em meados de 1977, eram dados os primeiros passos, depois de uma reunião dos habitantes. As prioridades foram: a terraplanagem do campo de futebol e criar condições na sede (moagem) que abria aos sócios no dia 1/6/1979.

Entretanto, por escritura notarial de 9 de Março de 1982, oficialmente são seus fundadores: Dino Ferreira Seabra, José Figueiredo Torres, Armindo Duarte, António Alves Pereira, Armando Henriques Pereira, Agostinho da Rosa, Arlindo Moura Ferreira, António de Jesus Duarte, Miguel das Neves Moreira, António Ferreira da Silva, António A. Trindade e Silva, Eugénio A. Trindade e Silva e Antero Gomes Pereira. A constituição foi publicada no Diário da República de 15 de Abril de 1982, III Série, nº.87.

Passados 20 anos, houve festa grande. No dia 21 de Junho de 1991, era inaugurada uma nova e ampla sede, ocupando a antiga escola primária, erguida no ano de 1939, ganhando o honroso título de Centro Cultural. Os custos das obras rondaram os 14 mil contos. Houve pessoas do Pereiro a desembolar 100 contos e mais. Mas também os lugares de Neves do Pinheiro e Porto da Vide deram uma ajuda.

A obra era o resultado de um longo processo e um anseio que já levava 14 anos. Processo que se prendeu com a construção de nova escola e, para que isso fosse uma realidade, o povo arranjou um terreno gratuito. A obra era “o fruto não só da conjugação de esforços, da boa vontade e do espírito de sacrifício deste povo, mas também e sobretudo do valioso auxílio do nosso município, dos nossos emigrantes, dos filhos desta terra, radicados em diversas localidades do país e da preciosa ajuda de várias empresas dos concelhos da Anadia e Águeda” – era assim que sintetizava Prof. Manuel Augusto Martins Rosmaninho, presidente da Direção.

Acompanhado do bispo emérito de Aveiro, D. Manuel de Almeida Trindade, e dos vereadores da Cultura e das Obras, respetivamente, Dr. António dos Santos Maria e Custódio Matos, a inauguração foi feita pelo presidente da Câmara, Engº Sílvio Cerveira, traduzida no descerramento de uma placa em azulejo.

Dentro da política da Câmara que apostava forte na construção de Centros Culturais para a valorização das pessoas, este era o primeiro a abrir portas como tal na freguesia. Tinha o lugar então 79 fogos e 280 habitantes.

Integrou a festa a celebração da Missa pelo bispo emérito e filho dileto da terra que, desejou frisar, “faz parte do cenário da minha vida”, fazendo memória do tempo em que no Pereiro “os adobes eram cozidos ao sol ali no Brejo”1. Seguiu-se, à boa maneira bairradina, um almoço e, claro, palavras de circunstância.

O edifício era então composto por um salão para reuniões e convívio, um salão de jogos na cave e um bar, com entrada independente, e era anunciada a abertura de uma biblioteca. Uma das atividades da Associação é o desporto (futebol popular), que muitos vão praticando no campo das Neves, terreno cedido, em 1977, por Dr. João Paulo Cancela de Abreu, advogado em Lisboa, e suas irmãs. Em carta, datada de 30 de Dezembro de 1977, escrevia ao presidente da JF, Armando Henriques Pereira, a comunicar-lhe que cedia “o terreno necessário para a instalação de um campo de futebol, na nossa propriedade denominada “Neves” em local situado por debaixo das linhas elétricas e mais ou menos em frente de umas ruínas de uma casa”. Bela prenda de Natal. Só havia uma condição: os acessos deveriam ser feitos de forma a não prejudicar as plantações de eucaliptos, feitas recentemente. Embora não fosse exatamente onde a coletividade pretendia, mais a Norte, onde fora feita a plantação de oliveiras, esta cedência, gratuita, era um bom pontapé de saída…

Mas os bens da coletividade não se resumem ao edifício da sede e ao campo de futebol. Havia um sonho, a construção de um polidesportivo descoberto, e a obra teve uma boa ajuda da Câmara. Num almoço de Carnaval, Prof. Litério Marques deixou mesmo um “bolo” de 12.500 euros. Terreno já havia, adquirido e oferecido por Armando Henriques Pereira, situado na Barreira, onde o autarca gostaria de ver implantada uma nave. Mas ficou tudo em banho-maria… Das atividades constam: almoço convívio de Carnaval com jogo solteiros/casados; passeio cicloturístico pelo aniversário e almoço; concurso de sopas; sardinhada na noite de S. João e castanhada no dia de S. Martinho.

Além desta associação, o lugar do Pereiro possui a Associação de Caça e Pesca, que foi fundada por escritura notarial de 30 de Outubro de 1989. Foram seus fundadores: Armindo Duarte, Ernesto Fernandes, António Alves Pereira, Jacinto Barbosa dos Santos Póvoa e António Maia Ferreira Faria (o único que não era do Pereiro, mas de Tamengos), todos já falecidos; Manuel Martins de Melo, Manuel Semeão Santos Póvoa, Silvino de Jesus dos Santos, José Herculano de Figueiredo Torres e José Augusto Cancela. Os objetivos: a promoção de atividades desportivas, nomeadamente a caça e a pesca.

Antes da utilização dos pesticidas na agricultura, havia bastante peixe no Rio da Serra, entre o Pereiro e Avelãs de Caminho.

Fonte: “Avelãs de Cima – O lado da história” de Armor Pires Mota